O que tapetes persas e streaming musical têm em comum
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À primeira vista, um tapete persa antigo e uma plataforma de streaming parecem pertencer a universos completamente diferentes. Mas os dois operam sobre a mesma lógica: a repetição como forma de organizar valor.
Um tapete persa não é apenas tecido ornamental. Ele funciona como um sistema simbólico. Cada repetição geométrica contém códigos de origem, rotas, crenças e memória. Um olhar distraído vê padrão. Um olhar treinado percebe narrativa.
O streaming parece fluxo simples de plays, mas também é um sistema de códigos. Por trás da música em looping existem metadados, contratos, splits de direitos autorais e economias de atenção distribuídas entre milhares de catálogos.
O tapete registra manualmente a cultura. O streaming registra digitalmente o comportamento. Um é herança física. O outro é herança rítmica. Ambos organizam memória e valor cultural, mas em linguagens opostas.
O mercado financeiro entendeu rapidamente como precificar o streaming. Ainda está aprendendo a traduzir o tapete. Um gera royalties mensais. O outro gera legado simbólico e escassez material. No fim, os dois revelam o mesmo princípio: aquilo que uma cultura repete muitas vezes, transforma em patrimônio.